SENTADO À MESA DO REI
II Samuel 9:6 e 7 Vindo Mefibosete, filho de Jônatas, filho de Saul, a Davi, inclinou-se, prostrando-se com o rosto em terra. Disse-lhe Davi: Mefibosete! Ele disse: Eis aqui teu servo! Então, lhe disse Davi: Não temas, porque usarei de bondade para contigo, por amor de Jônatas, teu pai, e te restituirei todas as terras de Saul, teu pai, e tu comerás pão sempre à minha mesa.
A sorte de Mefibosete, o filho do Jônatas, é muito parecida com a nossa. Tinha só cinco anos de idade quando seu pai morreu. A sua ama, ante o perigo que se apresentava, tomou-o apressadamente para fugir com ele. Mas enquanto fugia, lhe caiu o menino e ficou coxo.
Os dias foram difíceis para Mefibosete, não só por sua incapacidade, mas também pelos tempos que corriam. Morto seu pai Jônatas, e seu avô Saul, o reino de Israel se tornou muito instável politicamente. Houve lutas fratricidas, e nesse ambiente, não havia segurança para um menino aparentado com um rei importante.
Então é levado a viver longe, no deserto, em casa do Maquir, um homem de bom coração. Ali passam os anos. Mefibosete cresce no amparo daquele homem, e de seu servo, Ziba.
Mas um dia acontece algo que mudou absolutamente sua vida: Davi, o rei do Israel, lembra-se do Jônatas seu amigo, e pergunta se há alguém de sua casa a quem pode usar de misericórdia. Então se inteirou de Mefibosete, e lhe manda trazer.
Ao ver Davi a Mefibosete deve ter visto nele o rosto, os gestos, ou algum delicado exemplo de seu amigo de alma. Talvez ouviu o mesmo timbre de sua voz. Então renasce no coração do rei o afeto íntimo por Jônatas. E lhe fala palavras de consolo a seu filho, devolve-lhe os bens que pertenciam à sua família, e lhe diz: "Você comerá para sempre em minha mesa". Mefibosete replica: "Quem é seu servo, para que olhe a um cão morto como eu?". Mas Davi insiste: "Mefibosete comerá a minha mesa, como um dos filhos do rei".
Agora, por que a história de Mefibosete é parecida com a nossa? Porque em algum ponto de nossa própria história, tivemos uma grande desgraça, e ficamos aleijados. Nosso caminho se truncou e nossa vida se tornou inútil. Não podíamos caminhar para nos aproximar de Deus. Ao contrário, em vez de nos aproximar, fomos ao deserto, longe, muito longe.
Os anos passaram, e nossa miséria foi completa. Talvez não tão material, quanto espiritualmente. Entretanto, um dia, nosso nome foi pronunciado pelo Rei - Jesus Cristo -, e fomos levados ao palácio. Ali não recebemos julgamento, a não ser misericórdia. Ali fomos consolados, perdoados, e honrados. O Rei sentou a sua mesa, e nos deu o manjar de príncipes.
Após, comemos à Mesa do Rei. Cada dia desfrutamos de sua companhia e somos sustentados por sua provisão abundante.
Sentados à mesa do Rei parecemos um mais entre os filhos do Rei, os príncipes de Deus. Entretanto, se nos olharem mais atentamente, verão nossa claudicação. Ela revela nosso estado anterior, e nossa debilidade atual. É o que somos em nós mesmos. Deus permitiu que ficássemos paralíticos, para que nunca nos esquecêssemos de onde fomos comprados, e qual é nossa verdadeira condição.
Sentado à Mesa do Rei, é só por chamada, por graça bendita de Deus. "Salvou-nos, não por obras de justiça que nós tivéssemos feito, mas sim por sua misericórdia" (Tito 3:5).
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